Segundo o Houaiss, TRABALHO é: sm. fis. grandeza que pode ser definida como o produto da magnitude de uma força e a distância percorrida pelo ponto de aplicação da força na direção desta (τ); esforço incomum; luta, lida, faina; conjunto de atividades, produtivas ou criativas, que o homem exerce para atingir determinado fim; atividade profissional regular, remunerada ou assalariada; qualquer obra realizada (manual, artística, intelectual etc.).

31 de outubro de 2007

Tema da Redação da Unicamp 2002

Hoje não vou opinar. Vou apenas deixar o tema da redação da Unicamp 2002. Trabalho:

promoção ou degradação?



O trabalho humano tem assumido múltiplas dimensões ao longo da história. As alternativas que têm sido postas à disposição ou que têm sido negadas aos indivíduos ou à espécie permitem amplo leque de avaliações. Encontra-se tanto uma defesa incondicional das virtudes da vida laboriosa quanto o elogio do ócio ou a defesa de um tempo de trabalho apenas indispensável à sobrevivência.


Levando em conta as pressões históricas, sociais e mesmo psicológicas que condicionam estas visões, exemplificadas nos textos desta coletânea, que permitem uma discussão da questão em seus aspectos contraditórios, escreva uma dissertação sobre o tema:
Trabalho: fator de promoção ou de degradação.


1. No inverno, as formigas estavam fazendo secar o grão molhado, quando uma cigarra faminta lhes pediu algo para comer. As formigas lhe disseram: "Por que, no verão, não reservaste também o teu alimento?" A cigarra respondeu: "Não tinha tempo, pois cantava melodiosamente". E as formigas, rindo, disseram: "Pois bem, se cantavas no verão, dança agora no inverno". (Esopo, Fábulas Completas, trad. de Neide Skolka, São Paulo, Moderna, 1994.)


2. Uma estranha loucura apossa-se das classes operárias das nações onde impera a civilização capitalista. Esta loucura tem como conseqüência as misérias individuais e sociais que, há dois séculos, torturam a triste humanidade. Esta loucura é o amor pelo trabalho, a paixão moribunda pelo trabalho, levada até o esgotamento das forças vitais do indivíduo e sua prole. Em vez de reagir contra essa aberração mental, os padres, economistas, moralistas sacrossantificaram o trabalho. Pessoas cegas e limitadas quiseram ser mais sábias que seu próprio Deus; pessoas fracas e desprezíveis quiseram reabilitar aquilo que seu próprio Deus havia amaldiçoado. (Paul Lafargue, O direito à preguiça, São Paulo, Kayrós, 2 ed., 1980.)


3. Arbeit macht frei (‘o trabalho liberta’, divisa encontrada nos portões do campo de concentração de Auschwitz).


4. Em 1995 o Brasil tinha cerca de 300 mil voluntários engajados no Terceiro Setor (fundações, associações comunitárias etc.) e mais 3 milhões espalhados por organizações religiosas de todo o tipo (espíritas, pastorais da Igreja etc.). A maioria são pessoas que mal se conhecem, mas que se dispõem a ajudar idosos, inválidos, mães sem recursos, crianças abandonadas, de dia ou de noite, em jornadas extras após o trabalho. (Miguel Jorge, "Voluntariado e cidadania", O Estado de S. Paulo, 18/6/2001.)


5. Fotografia de Sebastião Salgado: escadas nas minas de ouro de Serra Pelada. Brasil, 1986. (http://www.terra.com.br/sebastiaosalgado/p_op1/p08w.html)




6. Começa a surgir e a tomar contornos de reivindicação trabalhista o "direito à desconexão": o direito para o assalariado de se desligar – fora do horário de trabalho, nos fins-de-semana, nas férias – da rede telemática, do arreio eletrônico que o liga ao patrão ou a sua firma. (Luiz Felipe de Alencastro, "A servidão de Tom Cruise, Metamorfoses do trabalho compulsório", Folha de S. Paulo, Caderno Mais!, 13/8/2000.)


7. A Nike é acusada de vender tênis produzidos em países asiáticos por mão-de-obra aviltada. Um levantamento feito junto a quatro mil trabalhadores de nove das 25 fábricas que servem à empresa na Indonésia revelou que 56% dos trabalhadores queixam-se de insultos verbais, 15,7% das mulheres reclamam de bolinas e 13,7% contam que sofreram coerção física no serviço. Esse estudo foi realizado sob o co-patrocínio da própria Nike. Outro levantamento, feito no Vietnã, mostrou que os trabalhadores ganham US$ 1,60 por dia e teriam que gastar US$ 2,10 para fazer três refeições diárias. Banheiros, só uma vez por dia. Água, duas vezes. O descumprimento das normas de uso do uniforme é punido com corridas compulsórias. Em outros casos, o trabalhador é obrigado a ficar de castigo, ajoelhado. A fábrica da localidade de Sam Yang trabalha 20 horas por dia, tem seis mil empregados, mas o expediente do médico é de apenas duas horas diárias. (Elio Gaspari, "O micreiro do MIT pegou a Nike", Folha de S. Paulo, 4/3/2001.)


8. "O trabalho danifica o homem" (declaração de Maguila, lutador de boxe, parodiando um conhecido provérbio).


9. O bom senso questiona: por que razão os homens dessas sociedades [...] quereriam trabalhar e produzir mais, quando três ou quatro horas diárias de atividade são suficientes para garantir as necessidades do grupo? De que lhes serviria isso? Qual seria a utilidade dos excedentes assim acumulados? Qual seria o destino desses excedentes? É sempre pela força que os homens trabalham além das suas necessidades. E exatamente essa força está ausente do mundo primitivo: a ausência dessa força externa define inclusive a natureza das sociedades primitivas. Podemos admitir a partir de agora, para qualificar a organização econômica dessas sociedades, a expressão economia de subsistência, desde que não a entendamos no sentido de um defeito, de uma incapacidade, inerentes a esse tipo de sociedade e à sua tecnologia, mas, ao contrário, no sentido da recusa de um excesso inútil, da vontade de restringir a atividade produtiva à satisfação das necessidades. [...] A vantagem de um machado de metal sobre um machado de pedra é evidente demais para que nela nos detenhamos: podemos, no mesmo tempo, realizar com o primeiro talvez dez vezes mais trabalho que com o segundo; ou então executar o mesmo trabalho num tempo dez vezes menor. (Pierre Clastres, A Sociedade contra o Estado, Rio de Janeiro, Livraria Francisco Alves, 1973.)


10. É realmente muito triste para mim, hoje em dia, saber que os pastores não conhecem essa tremenda verdade. E é doloroso pensar que eles continuarão, uivando como cães, a disputar o "meu" e o "teu", numa luta ferina e bestial. Continuarão a viver dilacerando-se uns aos outros e cuspindo sangue, tragicamente, em proveito de patrões que desconhecem. [...] Nosso sangue fervilhava no esforço, regava a terra, coagulava-se. E nós estávamos contentes. Como poderíamos desconfiar que o fruto de nosso sangue ia engordar as aves de rapina das cidades, luzidias e repousadas, em suas casas confortáveis? Cada um de nós, na mocidade, construía com vistas à velhice, sem saber que, numa sociedade como a nossa, a velhice, com ou sem olival, seria tragicamente desprezada pelos jovens! E cada um de nós entregava-se a esse demônio que derramava nos campos nossas energias, espalhando-as conforme seu capricho, tornando-nos felizes sem dilacerar assim nossa própria carne, esquecidos das calamidades e dos caprichos da natureza. (Gavino Ledda, Pai Patrão, Rio de Janeiro, Círculo do Livro, s.d.) [Padre Padrone é um romance de 1975, que deu origem ao filme dos irmãos Taviani, com o mesmo título. Trata da dura vida de trabalho do filho de um camponês da Sardenha.]


11. O argumento é conhecido, justo e internacional: por lei, as crianças devem estar na escola, e não trabalhando 12 horas por dia; empresários inescrupulosos recorrem ao trabalho infantil, pagando salários indecentes; portanto, é preciso uma lei para impedir essas injustiças. A questão é: qual lei? No caso brasileiro, a lei pode levar as crianças a perder o emprego e a não ganhar nada em termos de aprendizado profissional. Portanto, para que se cumpra a lei, os menores de 16 anos deverão ser despedidos. [...] A verdadeira alternativa, para muitos adolescentes, não é estudar ou trabalhar, mas trabalhar ou não. As famílias pobres precisam dessa renda, que a lei acaba confiscando. (Adaptado de Carlos A. Sardenberg, "Boas intenções que matam", O Estado de S. Paulo, 18/6/2001.)

27 de outubro de 2007

Caem um, dois, três, caem quatro...

"A mais ínfima diferença na série em que sou o ponto final: em vez de mim, ávido de ser eu, haveria apenas outro. Quanto a mim, seria apenas o nada, como se eu estivesse morto."
(Foulquié, Pierre. O existencialismo. São Paulo, Difel, 1961, p. 42)

Lembro-me das aulas de filosofia do primeiro colegial. A professora de óculos fundo-de-garrafa, cabelo armado e voz de gralha explicava, em meio à classe desinteressada de alunos displicentes, a diferença entre “ser” e “existir”. Mas como toda boa nerd eu assistia a explicação vibrando de paixão, tentando ignorar os aviõezinhos de papel que voavam sobre minha cabeça. A voz maçante e vã da ainda se movimenta quadrada no meu aparelho auditivo, ainda consigo escutar a tradicional senhora de saia comprida e pêlos nas axilas- motivo de inúmeras chacotas entre o corpo estudantil, enquanto cogitavam gentilmente deixar uma gilete sobre sua cadeira- tentando fazer, da forma mais didática possível, os mimados filhinhos de papai do meu colégio entenderem Sartre. Me prolonguei nessa explicação porque gosto de escrever contos, mas vou me policiar, porque o essencial eu ainda nem disse. Fiz questão de fuçar meus arquivos empoeirados para achar o texto de apoio daquela aula. Estava lá o trecho que eu queria, sublinhado de caneta grifa-texto verde:
“Estou aqui neste mundo. Eu existo. Mas o que é existir? É mais que o simples ser. As pedras são, as flores são, as nuvens são. Elas têm ser. Mas elas não sabem disso. Não se aborrecem, não se alegram, não criticam o chefe, não têm dor-de-cotovelo.
Só o homem existe.”

(Fernando José de Almeida, FTD, 1988, pág. 29-54)

Se eu pudesse voltar no tempo- esses “ses” me correm por dentro para o infortúnio da minha saúde mental- eu teria levantado e gritado: “Mentira!”.

E a tal da coisificação?

O sistema aprisiona as pessoas- eu tento fugir das frases clichês, mas algumas são inevitáveis. As deixa cagando de medo.

Pedi demissão hoje porque não agüentava mais aquele emprego chato. Mas isso não é nem de longe argumento para os milhões de insatisfeitos. O instinto de sobrevivência sempre é maior. E quanto mais intensamente vivemos, mais a gente se avizinha da morte. Nem eu nem minha família dependiam daquele meu salário.
A vida está acima das estruturas que regem a sociedade, mas o sistema mudou o espírito do ser humano. Cagar na própria existência é uma heresia!

O emprego tornou-se vitalício, quando se tem a sorte de se arrumar qualquer coisa, se agarra com as unhas e não se larga mais. E se é submisso. O sonho onde “a existência é uma aventura de tal modo inconseqüente” não encontra espaço na realidade. Não se pode culpar quem vende a alma, os modelos centrais de controle nos programa para abrirmos mão dela de forma barata. Faz com que nos sintamos patéticos e voluntariamente abrimos mão de nossa soberania, nossa liberdade, nosso destino.

A minha empregada trabalha na minha casa há 22 anos. Era babá dos meus irmãos mais velhos, foi minha babá e hoje cozinha, limpa, lava, passa. Embora ela seja quase como uma segunda mãe, eu gostaria que ela não tivesse desperdiçado a vida dela limpando minha casa, sem nenhum mérito, reconhecimento ou promoção. E como aqui todos levam uma vida corrida, ela agüenta quieta nossas constantes respostas atravessadas e expressões mau-humoradas, além de algumas broncas injustas. Seus cabelos já estão brancos e as mãos, asperas. 22 anos. Uma vida.

No emprego do qual pedi demissão hoje, o homem que cuida da burocracia do jornal está lá há 32 anos. Eu não agüentei nem três meses! Ele tem que agüentar. Desde os gritos e as piadinhas inconvenientes do meu ex-chefe, até fingir que não sabe das falcatruas que os seus superiores escondem debaixo do tapete, além da remuneração totalmente desproporcional, que não vale uma gota do seu suor. Mas é isso ou nada.
E, em um dos dias onde o clima fica tenso naquela redação quente (ar condicionado só na sala do meu ex-chefe, o único que não trabalha ali), sem querer ele me confessou que às vezes ele entra no banheiro e fica lá fazendo hora, para não ter que encarar a encheção do chefe e ainda assim cumprir sua longa jornada de trabalho.

Outro dia deu saudade e fui visitar o colégio onde me formei. Andando pelo corredor ouvi a minha professora de matemática do ginásio, lecionando, como sempre, feito máquina, sobre equações trigonométricas. Dá aulas no mesmo colégio que se formou, ou seja, passou a vida naquele ambiente. Há 37 anos repete sobre triângulos escalenos, sem qualquer retorno, sem qualquer enriquecimento pessoal para ninguém, formando alunos que nunca mais vai ver e que nunca mais vão lembrar de uma poeira sequer daquela lousa onde ela freneticamente preenchia de números. Vão ter empreguinhos como o dela, vão mofar atrás de uma mesa de escritório. Seus olhos já estão opacos. Sempre achei que ela esperasse algum dia encontrar algum gênio da matemática, aí teria valido a pena. Coitada.
Talvez por isso a frieza da minha professora do jardim de infância, quando a encontrei nessa mesma visita. É o medo de ver o que eu me tornei, que a grande esperança que ela deposita no trabalho e que serve de combustível para ela levantar cedo todas as manhãs, é, no fundo, nada.

A geração dos hippies, libertários, que lia poesia beatnik e gritava abaixo a ditadura, sucumbiu.

Onde andam seus pais/ se cansaram da estrada?/ hippies, ingênuos e nus,a vocês não dizem nada?/ O que pensam seus pais/ da ilusão destroçada?velhos sonhos azuis/ derramados na calçadaAinda cantam velhos blues/ sobre seres com asas?ou perderam na luz/ o caminho de casa?O que sentem seus pais/ quando alguém acha graçados gentis samurais/ artesões pobres na praça?O que dói no seus pais/ é a falta de esperança?ou seu olho que vai/ onde o deles não alcança?
(Oswaldo Montenegro- Aos filhos do Hippies)

É uma vida linear, de eternas amebas subordinadas, capachos tremendo as pernas para nao ser engolida pelo sistema. Mas o sistema, meus caros, é um parasita cada vez mais voraz, empurrando o organismo social para o buraco negro da miséria. É o famigerado “nem sei o que eu to fazendo mas to fazendo”. Faz para não precisar pensar, para nao precisar enxergar. A consciência deve chegar na hora da morte. Aí é tarde.

13 de outubro de 2007

Colhendo frutos...

Para divulgar nosso blog, tentamos fazer contato com diversas pessoas que faziam sites com temas parecidos com o nosso. Um desses contatos foi o blog Direito e Trabalho, que para nossa alegre surpresa rendeu um post elogioso à respeito do Etc & Tau, além dos outros trabalhos feitos pelos nossos colegas da Metodista, no post Blogs Trabalhistas.


Nosso blog é sobre a desvalorização do trabalho. E com isso vemos como é bom e importante ter um trabalho reconhecido.

Parabéns a nós!

9 de outubro de 2007

...processamento em curso

Enquanto não decidimos a continuidade do blog, reitero o que a Adriana postou e "acrescento" algumas pequenas observações:

Assim que tivemos o tema "trabalho" escolhido por nossos professores para nosso projeto integrado, já imaginávamos o esforço que teríamos em buscar informações concretas e boas curiosidades para, ao inserir um pouco de nós, enriquecer os textos para postá-los de maneira que qualquer pessoa possa ler, interessar, associar e principalmente descobrir que o mundo é feito por trabalhadores.

Não estava contando que o trabalho fosse, em muitas vezes, esquecido em boa parte das discussões cotidianas expostas em grandes veículos [que constituem grande parte do senso crítico da sociedade], sendo apenas abordado durante as eleições de cargos mais expressivos como Presidente da República e [olhe lá, Governador de Estado] e em pesquisas encomendadas para "tampar buraco".

A cada "googlada", buscando informações sobre profissões "surreais" ou indefinidas, me deparei com conteúdos que marginalizam profissões alternativas e principalmente aquelas que fazem parte do setor terciário [o de serviços] e isso mostra o tamanho do valor que é dado ao que dignifica o homem.

Dentro desse contexto, o discurso sobre Emenda 3 [que não obriga fiscalização da Justiça do Trabalho em prestadoras de serviços que, então, possa contratar funcionários sob condição de pessoa jurídica e assim, sem direito a FGTS,PIS PASEP, férias e etc e tema lembrado em nosso blog e associados], perdeu força perto de assuntos irrelevantes para o verdadeiro interesse público em meio ao mar de lama da nossa "democracia".

Lamentável.

Espero que não demore muito o momento da sociedade ver que tudo funciona melhor quando estamos associados num único ideal, o intuito de fazer...e fazer o melhor; por mais estranha que seja sua ocupação, por menor que seja sua parcela no conjunto.

Foi o que buscamos durante essas 6 semanas...[quem sabe em mais outras tantas?]

Agradecemos aos que leram, aos que não leram mas que um dia lerão, aos que leram,não comentaram mas sei que vão comentar...aos colegas e principalmente às "feitoras" desse pedaço de net.

=D!

8 de outubro de 2007

Adeus?

Como fui eu quem fiz o post de inauguração, agora venho aqui anunciar que acabou o período que deveríamos postar no blog.

Achei a experiência válida, embora todas passamos por dificuldades, os famosos "brancos criativos", porque, todos sabem, a inspiração não escolhe dia da semana.

Tivemos brigas quanto a cor do layout, quanto aos que quiseram exceder os caracteres, sobre opiniões postadas. Uma mulher já é complicada... Dez então, quando se juntam, é um nó apertado. Mas nós soubemos desatá-lo.

Creio que o que foi mais importante sobre esse blog foi que nosso olhar sobre o mundo mudou. Começamos a reparar nestes protagonistas do cotidiano que antes nos eram invisíveis. Passamos a olhar para cima e perceber os limpadores de vidro, a olhar para o lado e perceber os garis, etc etc. Passamos a notar que tudo que existe no mundo material foi feito por alguém, foi pensado por alguém, foi as custas do suor de alguém, do tempo de alguém, do TRABALHO de alguém. Pois, se o homem é imagem e semelhança de Deus, o trabalho é a imagem e semelhança do homem. É a forma como ele se manifesta, se lança no mundo. E raramente isso é devidamente reconhecido.

Fizemos um exercício fundamental que os atores costumam fazer: saímos de nós mesmos, da nossa minúscula bolha-universo, e tentamos nos imaginar no lugar do outro. Como é ter aquela rotina tão peculiar? Ao nos colocarmos no lugar do outro, automaticamente aumentamos nossa tolerância ao diferente.

Sugiro que não abandonemos esse blog. Vamos aproveitar que não temos mais o compromisso para continuar reparando nos papéis sociais que nos rodeiam.

Obrigada leitores, obrigada meninas, obrigada colegas da Metodista.
Não deixem de continuar acompanhando esse blog. Torço realmente que ele prossiga existindo.

7 de outubro de 2007

Veículo de transporte vertical


Em uma cidade como São Paulo, onde existem tantos prédios, a profissão de técnico em manutenção de elevadores se torna extremamente necessária. Existem mais elevadores do que ônibus na cidade. Com dedicação e estudo é possível fazer carreira nessa área.

De acordo com o SECIESP (Sindicato das Empresas de Manutenção e Conservação de Elevadores) todo edifício é obrigado por lei a ter contrato com uma empresa de conservação e manutenção. A vistoria precisa ser realizada uma vez por mês. Apenas as empresas regulamentadas pelo Contru (Departamento de Controle do uso de Imóveis) poderão exercer as manutenções.

Não existem cursos que formem um profissional, mas um oferecido de graça pelo sindicato das empresas de manutenção dá as noções básicas para quem se interessa pela área. As empresas mais reconhecidas no ramo contratam técnicos em mecânica ou eletrônica, formados pelo Senai (Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial) ou instituições reconhecidas pelo Mec. Todos eles passam por um treinamento.

Para exercer essa profissão coragem não é o mais importante. É obrigatório ter medo de altura, para respeitar o perigo. É necessário também ter preparo físico, pois eles ficam em posições desconfortáveis. O piso salarial de um técnico em elevadores é de R$ 740,00. Porém o mercado remunera melhor o bom profissional.

6 de outubro de 2007

ET... telefona... casa


Assunto de hoje: ufologia, profissão não regulamentada. Segundo o Código de Ética do Ufólogo, cabe a um perito, estudar, pesquisar e emitir seu parecer sobre casos ufológicos dentro de suas especialidades (perito em análise de solo, análise de fotografia etc).

Se você ainda está perdido, é bom esclarecer: UFO é a sigla em inglês para “objeto voador não identificado” (OVNI). Como ninguém recebe salário para exercer essa atividade, o estudo do tema acaba ficando em segundo plano, e os ufólogos sobrevivem com outras profissões. Além do fato de lutarem contra as críticas e a descrença com relação ao seu trabalho.

No entanto, mesmo não sendo uma profissão reconhecida, para aqueles que acreditam e querem realmente se aprofundar no assunto, já existe em algumas faculdades o curso de ufologia. Dentro da área, o curso mais conhecido é ministrado pela Universidade de Aconcágua, no Chile. Em seis meses, com aulas pela Internet, os alunos têm matérias como, Metodologia Científica, Aeronáutica, História da Ufologia, Astroarqueologia, Fotografia, Análise de vídeo, entre outras.

Mas a ufologia tem também seu lado humanitário. Além de pesquisas, cabe a um ufólogo ajudar pessoas que sofreram traumas psicológicos em decorrência de contatos com possíveis OVNIS.

Mas o que os ufólogos querem mesmo é que a ufologia seja reconhecida e levada a sério pelos governos, pois, para eles, é necessário que todos tenham acesso a informações sobre os UFOS. E é isso que a Comunidade Ufológica Brasileira defende em seu Manifesto da Ufologia.


Sites Relacionados:
www.cubbrasil.net
www.ufo.com.br
http://www.ufologia.org

Quando você precisar, ele estará lá

Quando era mais nova participei de uma excursão da escola. O destino do passeio era um parque aquático. Nada mais animador para uma criança do que piscinas, várias delas, e água, muita água. Mas em certo momento, quando me arrisquei a descer por um toboágua, afundei e não subi mais. Quando percebi alguém me puxou e me tirou da piscina. Mas quem é essa pessoa que salvou minha vida?

Ele é o salva-vidas, mas que podemos chamar também de guarda-vidas. O segurança dos banhistas, que estão nas praias ou piscinas. Tem a função de evitar afogamentos e preservar a vida

Natação é pré-requisito para o profissional. Além de um bom preparo físico, uma boa alimentação, com: verduras, legumes, frutas e bastante liquido. O protetor solar é indispensável. Assim como aquele uniforme vermelho, inconfundível. Com direito a sunga, no caso dos homens, e maiô, para as mulheres. Pois, elas também podem atuar como guarda-vidas ou salva-vidas – os dois são usados.

O treinamento é puxado, e desenvolvido pelo Corpo de Bombeiros – em São Paulo, a formação é feita pelo Curso de Formação de Soldados da Policia Militar do Estado - com duração de um ano, aproximadamente.

No curso são ministradas aulas de: prevenção e salvamento aquático, noções de primeiros socorros, técnicas básicas de recuperação de afogados e conhecimentos essenciais sobre o mar. Qualquer pessoa, desde que saiba nadar, pode fazer o curso. Há pessoas da própria corporação (bombeiros) que decidem fazer o curso, e passam a trabalhar como salva-vidas.

Interessou? Então acesse, http://www.polmil.sp.gov.br/salvamarpaulista, para mais informações.

5 de outubro de 2007

Cuidado com a abelha!


Todo mundo, desde criança aprendeu que com abelha não se meche, e é exatamente por isso que a profissão de apicultor é no mínimo interessante. O apicultor é o profissional que cria ou trata de abelhas e que trabalham com a confecção dos produtos das abelhas, como mel, própolis e coisas derivadas do mel.

O apicultor precisa conhecer muito bem o “mundo das abelhas”, saber como funciona uma colméia, qual o papel das abelhas no ecossistema, como as abelhas se reproduzem e também precisa ter conhecimento de biologia.

Para poder trabalhar com segurança o apicultor precisa ter alguns instrumentos de trabalho que são o macacão (que deve ser de cor clara para não irritar as abelhas) com a máscara acoplada ou não, uma luva e as botas para proteger todas as partes do corpo e evitar que as abelhas entrem na roupa do profissional. E também são necessários instrumentos específicos de manuseio das colméias.

Não existe um curso específico de apicultura, mas para atuar na área é sempre bom que sejam feitos cursos de capacitação.Como o apicultor não precisa estar todo dia no apiário essa atividade pode ser exercida como secundária, só para aumentar a renda do trabalhador, mas também pode ser exercida como principal profissão e nesse caso exigiria maior dedicação do profissional e no mínimo 500 colméias no seu apiário.

4 de outubro de 2007

Subemprego em debate


Na última segunda-feira, estava procurando algo interessante para ler na internet quando me reparei com o blog do Marcos Guterman, historiador, jornalista e editor do “Estadão” on-line. Ele dizia sobre o mais novo lançamento da Nike Inc., um tênis destinado aos nativos americanos,o Air Native 17, pois o formato e o tamanho dos pés dos indígenas são diferentes do que seus consumidores habituais, que gastam cerca de R$500,00 na compra de um tênis com molas, para dar a leve sensação de amortecimento.

Nos 255 comentários lidos, o que entrou em questão foi a forma de produção que a empresa criou nas fábricas instaladas nos países asiáticos. O assunto virou um grande debate entre um empresário que apoiava a forma subhumana que a corporação utiliza para fabricar seus produtos e defensores, como eu, de um desenvolvimento sem exploração.

O escândalo e o boicote

A auditoria interna da empresa divulgada em novembro de 1997 afirma que 77% dos funcionários tinham problemas respiratórios. As substâncias cancerígenas expostas excediam 177 vezes os limites permitidos no Vietnã. Esses trabalhadores, a maioria crianças, trabalham cerca de 65 horas semanais para ganhar US$ 10 (cerca de US$0,15 por hora). Além de ganharem pouco, as linhas de produção eram “boot camp”, que consiste em punições físicas e humilhações em público aos funcionários que cometiam erros, falavam demais ou desobedeciam a ordens superiores.

Com a pressão da imprensa em torno do fato, o então presidente Phil Knight recebeu cerca de 33 mil cartas de consumidores exigindo que contratassem empresas independentes para monitorar as condições de trabalho nessas indústrias. O cineasta e ativista Michael Moore lançou um documentário (com tom de sátira) mostrando as atrocidades em relações de trabalho que envolvem a Nike e, por causa da pressão do público,Knight concedeu uma entrevista a ele. O bate-papo mostra indiferença às desigualdades cometidas no Vietnã, Knight tentando mostrar a “inocência” da empresa alegando que cabe à ONU (Organização das Nações Unidas) a culpa sobre a idade mínima de trabalho nas indústrias, que é de 14 anos. Moore terminou a entrevista com uma (imparcial e tímida) promessa que, na fábrica (própria) da Indonésia o limite será de 16 anos.
Outra conseqüência foi o boicote que milhares de americanos fizeram à marca, exigindo que a empresa aplicassem as normas norte-americanas em suas fábricas fora do país.

Prestação de contas

Já no 3º Relatório de Responsabilidade Corporativa que compete aos anos fiscais de 2005 e 2006, a Nike traçou como prioridade melhorar as condições de trabalho de aproximadamente 80.000 trabalhadores; diminuir a emissão de gases, como o CO2 e F (gases fluorinados) e reduzir os resíduos no projeto e embalagem dos seus produtos. No relatório consta também os objetivos para o futuro e a superação dos problemas constatados e repercutidos na fase crítica de 1997/98.

A sede da corporação fica em Beaverton, Oregon e a empresa possui cinco subsidiárias integrais, que produzem diferentes linhas e migram conforme a favorável onda de contratação de mão-de-obra.
De acordo com notícia do jornal Valor Econômico, a Nike tem contrato de produção com 40 fábricas, 10 de calçados e 30 de vestuário, que juntas geram 160 mil postos de trabalho. Há ainda mais fábricas instaladas na Ásia (China, Tailândia, Coréia do Sul e Indonésia), no Oriente Médio (Paquistão, na fabricação de bolas) e nas Américas Central e do Sul (México, Brasil, Argentina, Honduras, El Salvador, Colômbia, Guatemala e Peru).

A Nike também investe pesado em publicidade, criando mega campanhas com artistas como Ronaldinho (e outros craques de futebol) e Michael Jordan. Além disso, os equipamentos usados na produção são modernos e conservados.

Apesar de tudo, o crescimento

O Vietnã, apesar de ter passado por uma das maiores guerras da história, está mudando o seu cenário econômico. As relações comerciais são cada vez mais crescentes e o investimento de multinacionais no país acarreta em ascendência no mercado de exportações.

Um ponto favorável para as empresas instalarem suas fábricas no país é o ramo das confecções. Uma operária do ramo recebe US$0,28 por hora, menos que na China (entre US$0,48 e US$0,76 por hora) e no Brasil (US$1,06 por hora). Com a oportunidade de pagar tão barato por mão-de-obra, as multinacionais do mercado de vestuário não perdem a chance. Isso foi a vantagem que a Nike, a Adidas e a Puma encontraram em um lugar tão necessitado de ajuda para a diminuição dos desempregados. O investimento que a Nike fez foi tão grande que a empresa é, indiretamente, a maior empregadora do país.

Já no ramo da tecnologia, a Intel Corporation investirá US$ 1 bilhão na construção de uma fábrica-modelo no sul do Vietnã. De acordo com a notícia no site do UOL de novembro de 2006, está será a sexta fábrica da Ásia e que ela faz parte do projeto de expansão da produção da empresa, que chegará a custar US$ 6 bilhões.

A partir da produção maciça de calçados, o Vietnã tornou-se o 5º maior produtor do mundo, mas o 3º maior exportador. Isso significa que a produção pouco alimenta o mercado interno, destinando 420 milhões de pares dos 450 milhões produzidos para o mercado exterior. A exportação só perde para a China (com 5,8 bilhões) e para Hong Kong (com 744 milhões). Já o Brasil produz mais calçados que o Vietnã (755 milhões de pares), mas só exporta 212 milhões, por conta do tamanho do mercado interno. O consumo interno de calçados no Brasil é de cerca de 835 milhões de pares.

Relações estreitas com o Brasil

Com o crescimento brusco de 7,4% em 2004 para 20,7% em 2006 na importação brasileira de calçados vietnamitas, eles já se tornaram o segundo maior fornecedor nessa área. E as relações comerciais com o Brasil não param por aí: além de ser um grande fornecedor de algodão, o Brasil vende commodities para o Vietnã (madeira, couro, frango, fumo, etc.) que gerou uma explosão no crescimento econômico em 2006, de 373% na venda de frango e 75% na de madeira. No mesmo ano, o crescimento na exportação vietnamita de produtos têxteis chegou a 300%.

O Vietnã tem 85 milhões de habitantes e um território de 329 mil quilômetros quadrados que, comparado com o Brasil é um pouco menos da área somada dos estados de São Paulo e Pernambuco. Com o processo de modernização em curso na China, os trabalhadores chineses têm optado por vagas nas indústrias químicas, eletroeletrônicas e automobilística. Assim, o mercado que se torna mais imbatível (e menos concorrido) para encontrar força de trabalho são nos outros países da Ásia que encontram incentivos na política e aberturas nas legislações trabalhistas.



Blog do Marcos Guterman
"Nike para índios" de 30.09.2007

Entrevista com Phil Knight (por Michael Moore)
"A Verdade sobre o Império Nike" (entrevista sem data)

3° Relatório de Responsabilidade Corporativa da Nike referentes aos anos de 2005 e 2006 (em inglês)

Jornal Valor Econômico Online
"Vietnã segue os passos da China e avança no Brasil"
de 14.05.2007 (Disponível somente para assinantes, mas há uma transcrição no site do Sinditêxtil)

Notícia do UOL
"Intel construirá sua maior fábrica de chips no Vietnã"